Gerardo Mello Mourão


Era uma vez em Rovigo, Itália

Era uma vez em Rovigo, Itália, Maria Zanani: entrou em luta corporal com o marido — conta a United Press International — foi arremessada contra a parede de sua velha casa a parede esboroou-se e jorraram três milhões em moedas de ouro tre millioni di lire sobre o casal subitamente reconduzido à lua de mel num carro em que as rodas eram liras e as liras eram de ouro, tocando marchas nupciais e canções napolitanas: nas casas de meu país as paredes guardam os ossos e o sangue dos Mourões minha tetravó vendeu suas jóias de ouro e os machos puderam comprar mais bacamartes e a terra dos canaviais continuou grande e nossa e nas casas de engenho as moendas cantavam dia e noite e nos terreiros ao galamarte cantador os meninos morenos giravam no ar e no ar torneavam o torso e dóricos à beleza e ao perigo dos galamartes cantadores ao perigo das guiadas e dos rifles e à mestria das bestas certeiras medravam os machos in illo tempore e ao seu bote o teu corpo roubado às ruínas etruscas há de tombar no chão ardente do país dos Mourões e ao seu baque irão brotar os do culto de Hécate Ctônia "e igual que antaño en torno al sobreviviente los pastores se ciernen en rueda y oran en común y se aprietan por las manos".


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