Mário Pederneiras


Trecho Final

Meia tinta de cor dos ocasos do Outono Sonho que uma ilusão sobre a vida nos tece E perfume sutil de uma folha de trevo, São, decerto, a feição deste livro que escrevo Neste ambiente de silêncio e sono Nesta indolência de quem convalesce. Meu livro é um jardim na doçura do Outono E que a sombra amacia De carinho e de afago Da luz serena do final do dia; É um velho jardim dolente e triste Com um velho local de silêncio e de sono Já sem luz de verão que o doire e tisne, Mas onde ainda existe O orgulho de um Cisne E a água triste de um Lago.


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