Por que me fizeste ver tua outra face?
Aquela que escondeste num manto
entre encantos
com arte matreira,
e tentaste de mil maneiras,
ir ao recôndito de mim?
Por que me espiaste pela fresta
da janela onde eu te esperava?
Ali eu cantava para o sol
e brincava como gota do último luar,
enfeitando-me para te agradar.
Então, por que perturbaste meu sossego?
Com tuas asneiras e sorriso de cobra,
envenenando minhas idéias costumeiras?
Fez-me ferver a cada instante de teus assaltos,
de face espremida em meus desvarios que,
após tuas carícias, sangravam.
Não me deixaste sonhar
Adentraste meu porto só
percutindo dose fatal de ilusão
e, assaltou-me no primeiro ponto da estação.
Por que me fizeste conhecer
a outra face daquela face que eu tanto quis? |