Mário Simões


Amor: Luz e Trevas

Que coisas que ao coração vêm! Que suplício... Que caso de dor... Se fossemos só nós, de amor; Mas o mal que o corpo tem, por outrem é igual sentido! Se no peito escondido, Ou na alma sepultado, Há quem viva de amor contente; Mesmo que o amor mate gente, Há quem se diga de amor curado!... E vós, grossa ameaça, Cá por dentro nos matais... Mas, se acaso amor só por nós passa, Ou de nós vos escapais, Lançais-nos em cruel tormento, Num labirinto o pensamento, Furioso desimaginado Que vos digo bem magoado, Se todos fossem iguais, Eu julgava-vos uma desgraça!... O fogo das flores São quimeras populares... (In Árvores de Fogo, Cinza do Tempo)


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