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Responsável:
Soares Feitosa
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da semana
Página atualizada em 04.09.1999
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Destino
QUANDO nasci (clara manhã
radiosa!)
era a hora em que, dos galhos
e ramadas,
os passarinhos, numa rumorosa
festa, ensaiavam cantos
e revoadas.
Cresci. Hoje. homem, na maravilhosa
trama de sonhos e de derrocadas,
como que ainda guardo na
alma ansiosa
sussurro inquieto de asas
distanciadas.
Daí nem vem, talvez,
este destino
de andar vivendo assim,
na febre louca
do Amor, fonte de dor e
desatino,
e em dolorosos cânticos
mudar
os beijos que sufoco em
minha boca
e as lágrimas que
escondo em meu olhar.
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Sabedoria
TODO amor dura apenas nesta
vida
o que dura ume flor: uma
estação.
Depois, pobre da rama emurchecida!
Infeliz de quem deu seu
coração!
Amamo-nos. No entanto, bem
sabida
temos a prudentissima Iição:
- todo amor dura apenas
nesta vida
uma semana, um mês,
uma estação.
Nao hemos de sofrer no último
dia.
Mas deixaremos, com sabedoria,
morrer o amor, sem pranto
e sem queixume,
como as rosas nas tardes
estivais:
- dando o perdão
sutil de seu perfume
à desumana brisa
que as desfaz. |
O Fauno
LEMBRO às vezes. E
sou um fauno adolescente
cantando em derredor de
fontes encantadas
onde se vem banhar, perturbadoramente.
lascivos corpos nus de trêfegas
naiadas.
Meu olhar, mais que o sol,
beija, intranquilo e quente,
alvas formas sensuais entre
a água divisadas.
Ergo o cálamo. No
ar vibram, perdidamente,
selvagens emoções
e ânsias insopitadas.
Nuas, num virginal impudor,
as banhistas,
mãos dadas, vêm
bailar em torno ao fauno. A alfombra
freme. A água soluça
em queixas imprevistas.
E ante o exemplo maior das
ninfas e naiadas,
as árvores, deitando
as túnicas de sombra
aos pés, erguem ao
sol a nudez das ramadas.
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Teu pobre coração
TEU pobre coração
envelheceu sorrindo
nessa espera infeliz de
alguém que te não veio
despertar para o amor, num
gesto suave e lindo
de ternura a vibrar num
leve galanteio.
Entre lendas gentis envelheces.
Ao seio
as mãos, feitas em
cruz, ergues, alvas. Fulgindo,
a estrada morre ao sol.
Como te assalta o anseio
de por ela surgir o Príncipe
bem-vindo!
Nas ramadas em flor dois
pássaros, sozinhos,
beijam-se. Elevam no ar
hinos de um sangue moço.
E, ao ver com que ternura
aqueles passarinhos
sabem amar-se em meio às
ramagens floridas,
corre-te à flor da
pele um trêmulo alvoroço
de ocultas sensações
e ânsias desconhecidas.
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Exortação
ABRE ao largo do oceano,
em teu mastro latino,
num desafio ao céu,
a vela triangular.
Não te assustem parcéis.
A alta voz do Destino
te chama para além.
Coragem, pois. Ao mar!
Borrascas, furacões...
Que importa? Em desatino,
rujam vagas, os ventos cruzem-se
a raivar.
Levas, cantando em ti, um
talismã divino:
- o teu sonho é maior
e mais forte que o mar.
Enrija-te, portanto, e continua.
Em ilhas
quietas nunca distraias
tua rota. E quando
o oceano escancarar-te abismos
sob as quilhas,
pensa que o mar deseja apenas,
e não mais,
desvendar-te o mistério
onde bailam, cantando,
as algas e os tritões,
as ninfas e os corais. |
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