Noel de Arriaga


Lisboa

— Mãe! Quero ver o Castelo E depois fecha-me os olhos! Adeus Terreiro do Paço! Adeus Torre de Belém! Adeus ruelas estreitas Altas horas, sem ninguém! Adeus estrelas tombando Nas águas mansas do Tejo! Adeus, adeus nostalgia Das saudades que antevejo! Adeus guitarras gemendo Através dos bairros fáceis! Adeus varinas-meninas Dos seios que foram gráceis! Adeus sotaque estrangeiro Que a guerra trouxe até nós! Adeus fadista em que o fado Serviu de herói e de algoz! Adeus poetas sem pátria! Adeus pátria dos poetas! Adeus Lisboa, cidade Que no sonho te completas! — Mãe! Quero ver o Castelo E depois fecha-me os olhos!


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