Natália Correia


Nictofagia

Se eu pudesse beber-te, ó noite, Até encontrar o teu gosto, Ou mordendo a ponta do açoite Da tua treva no meu rosto, Achasse a planície de lume De que és uma aresta de estrelas E sonhando sem peso e volume Fosse um sonho de chão a tece-las E na praia de um trilo sem flauta, Instrumento das harpas do fundo Duma água escorrida da pauta Da manhã mais antiga do mundo, Me estendesses, ó noite florida Das sementes que trazes no punho, Uma adolescência impelida Pelo arco das brisas de junho!


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