Natália Correia


Comunicação

Como um poente congestionado De vagalumes irreais É o sete-estrelo desenfreado Rosa de chamas descomunais Saltam-lhe os pulsos como foguetes As mãos são Vestas embriagadas Parando as cenas dos banquetes Em saturnais carbonizadas Incham-lhe os seios como mechas De Salomé desintegrada Por quem cem líricos lamechas Ficam ardendo sem dar por nada Uma manada de trovões Leva a cidade nos seus cornos Assam marquesas nos salões Como perus dentro dos fornos Os rechonchudos anjos das casas Expiam crimes ancestrais Mamando restos de leite em brasa Nos esqueletos maternais As salamandras uterinas Queimam devassos nas suas camas Com quem celebram fesceninas E derradeiras núpcias de chamas Os acadêmicos no espeto Fazem um esforço de memória Para manterem o esqueleto Em ademanes de oratória Em catedrais de mil archotes Numa luxúria de extrema-unção Um frenesi de sacerdotes Tem um orgasmo de Inquisição As labaredas quais proxenetas Dos cidadãos mais importantes Levam incêndios de meias pretas A mercadores de diamantes Logo que estoura algum ministro E a sua alma estruma os campos Rebenta um trigo mais sinistro Nesta seara de pirilampos Nos semicúpios incandescentes Dos seus tesouros derretidos Os milionários têm repentes Têm remorsos de homens falidos E um Desejado de lua nova Noivo da Pátria vem finalmente Buscar a noiva para a sua cova E dá-lhe a Morte como presente


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