Newton de Freitas

Belo Exemplo

Olho a serra apontando para o céu com os braços grandes dos seus picos, com os dedos verdes das suas árvores. Mas bem que ela não esquece os humildes, nem o chão, nem as pedras que jazem a seus pés. E pelo abismo, vinda das alturas, como se fosse um véu de rendas, como se fosse prata liqüefeita, salta a linda cascata, borbulhando eternal. Ouço. A água geme entre as pedras lodosas, canta e murmura, ou será que soluça? Esse barulho de água beijando os penhascos deve ser um poema de amor que a serra sabe de cor para dizer ao chão... Bendito o Deus-poeta que te fez, cascata! Bendita a Natureza onde palpitam sonhos, sonhos de amor, belezas, ilusões, em todos os recantos, até nos abismos! Cascata, és um sonho líquido e sublime. De dia o sol se veste de ouro para contemplar-te, de noite a lua e as estrelas te namoram sorrindo. Tu vens do coração profundo das montanhas e és um beijo eterno da nobreza da serra à humilde chá das campinas sem glórias. Quando os homens passarem a teus pés, quando os homens te contemplarem, os deslumbrados e os indiferentes, ensina a eles o teu exemplo de fraternidade, mostra-lhes a tua lição, cascata!


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