Newton de Freitas

Amo a Luz

Deixa! que a luz invada o meu quarto todinho. Deixai! Nem que a chuva inunde este campo em redor; Nem que o vento frio açoite o meu corpo cansado; Nem que a luz me beije demoradamente. Eu amo a luz que é ósculo de Deus; A luz, que é ciência e liberdade! Sorrio à noite quando um raio de luar Vem enfeitar o meu sono, intruso que salta pela minha janela Porque sabe, talvez, que eu tenho a alma grande E adoro as ilusões abençoadas. Quando eu estiver morrendo, direi como Goethe "Mais luz", e os que me assistirem hão de abrir as janelas Senão eu os amaldiçoarei no derradeiro instante. Mas quem sabe como será o meu momento final? Quem sabe se haverá sol na minha última hora? Deixai que a luz invada o meu quarto todinho; A luz que é o beijo de Deus a tocar-me nos olhos, A luz que traz a poesia para os meus sonhos, Deixai que a luz espante esta minha tristeza.


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