Otacílio de Azevedo


Catavento

"Alto, de frente ao revoltoso oceano, e exposto à eterna rispidez do vento, levanta-se ao prestígio soberano dos músculos de ferro, o catavento. Pulse-lhe a vida a cada movimento e parece oxidar-lhe o desengano, quando se lhe transforma num lamento todo o seu vão clamor, vezes humano. Pregado ao solo, numa infinda mágoa, de mil sonhos, talvez, sobre os escombros, chora, enchendo de pranto a caixa d’água... É que ele, preso à angústia de existir, sente a revolta de suster, aos ombros, asas de ferro, e não poder subir!"


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