Custa-me compreender a inegável conspiração
de silêncio que se formou, nos nossos meios críticos
e intelectuais, em relação à poesia de Álvaro
Pacheco.
Ainda agora, tomando conhecimento de seu último livro
publicado, O Homem de Pedra, volta-me a colocação
do problema e, mais uma vez, escapa-me uma explicação.
Tenho por certo que se trata de um de nossos atuais melhores poetas
e O Homem de Pedra, oitavo de seus volumes (publicados todos), só
faz confirmar essa certeza. E creio que não há como
negar: sobre ele, sobre seus livros, faz-se nesse nosso país, onde
tantos são louvados e incensados, um silêncio que impressiona.
Por que esse desconhecimento que só de quando em quando um Assis
Brasil ou um Antônio Olinto ousam romper?
Não sei. Difícil é julgar questão tão
delicada, de foro tão íntimo. O que sei, para mim o
fato indiscutível, É que, num país em que tanto poetinha
é tratado como grande poeta, e tanto grande poeta tropeça
a cada passo em elogios sem conta, até mesmo em volume e volumaços
de estudos e críticas, Álvaro Pacheco só tem
encontrado silêncio ó que, evidentemente, não pode
ser compensado pelo entusiasmo de alguns poucos, e entre eles, não
poderia deixar de citar Gustavo Corção, Stella Leonardos,
Fernando Namora, Fábio Lucas, Assis Brasil, Antônio Olinto,
Wilson Martins, Carlos Drummond de Andrade e dois ou três outros
"isolados".
Sejam como for, a obra de Álvaro Pacheco aí está,
bem visível e perfeitamente julgável. Melhor
que ninguém, falará ela a favor do poeta. Não
me posso dizer entusiasta da primeira hora, pois só fui travar conhecimento
com seus versos a partir de Margem Rio Mundo (1966) e O Sonho dos Cavalos
Selvagens (1967). E só percebi a sua verdadeira "força"
com aquele esplêndido "A Força Humana" (1970) que provocou
em Gustavo Corção uma famosa e até certo ponto ingênua
declaração: essa de que lhe parecia que "nascera" um
novo poeta na nossa constelação literária...
(... ) não há como não reconhecer, na obra de Álvaro
Pacheco, pelo menos desde o aparecimento de O Sonho dos Cavalos Selvagens,
brilhantemente confirmado em A Força Humana (1970). A Matéria
do Sonho (1971), Tempo Integral (1973) e, agora, plenamente reafirmando
em O Homem de Pedra (1975), uma das melhores e mais autênticas contribuições
oferecidas à nossa safra de grandes participações
no terreno da poesia. Naturalmente, que não espere ele elogios
e prêmios. Diretor de uma grande empresa, É um dos "suspeitos
naturais" à nossa crítica de "má consciência"
a quem, infelizmente, falta a coragem de "proclamar" os verdadeiros valores." |