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Página atualizada em 9.5.2000
Oscar Magalhães
Remetido por
Apolônio Ibiapina de Moura
<moura@secrel.com.br>

Uma breve notícia sobre o autor: 

Oscar de Oliveira Magalhães nasceu em Ubajara-CE, a 03 de agosto de 1901, filho de Esmerino de Oliveira Magalhães e Francisca Máxima Magalhães.

As primeiras letras, aprendeu-as na sua terra natal. Depois, já em Fortaleza, onde passou a residir, prosseguiu com os estudos por mais algum tempo, sempre com professores particulares.
De família com larga propensão literária, era irmão de Raimundo Magalhães, jornalista que atuou durante vários anos na imprensa carioca, e tio de Raimundo Magalhães Jr., que pertenceu á Academia Brasileira de Letras. Alguns de seus trabalhos, a contragosto seu, foram publicados nos jornais "Ubajara" e "A Luz", de Ubajara, e na Gazeta de Noticias" de Fortaleza.
Esteve por três vezes, à frente do governo de seu município.
Foi por muitos anos secretário da Prefeitura Municipal de Ubajara, cargo onde se aposentou. Dedicou muito de seu tempo à agricultura, atividade de que sempre foi aficionado. Nos últimos anos residia na capital cearense.
Poemas:



PÁSSARO CANORO

Trago dentro de mim um pássaro canoro
alegre como o sol e manso como o luar... 
Dele, talvez me venha este verso sonoro
falando de um desejo imenso de voar...
 

De voar para além, para um rincão distante
onde não vingue o ódio, onde não medre a dor. 
Para um país de luz perene e deslumbrante, 
para um mundo de paz, de harmonia e de amor.



              ENVELHECENDO

Ânimo, ó viajor, és moco e és forte, apanha 
o teu bordão e galga a montanha da vida! 
Eu era forte e moço e a encosta da montanha 
pus-me logo a escalar em rápida corrida.

Não corras tanto, assim! O sol dourado banha 
a tua estrada branca, esplêndida, florida; 
trinam aves de arminho e aquela árvore estranha 
abre-te o pára-sol da copa colorida.

Demora um pouco. Vê!... Mas eu não vi, corria 
na pressa de atingir o alto da serrania... 
E agora, triste e só, cansado e em desalinho,

descendo a oposta escarpa á luz de um sol poente 
levo, no olhar velado, a saudade pungente 
daquilo que deixei de ver no meu caminho.
 




 

                    ESTRANHO
 

Esses, por certo, hão de saber quem são, 
de onde vieram, 
aonde vão, 
pois parecem felizes. E eu, quem sou? 
De ande vim eu? 
Aonde vou?

Às vezes me pergunto, a mim mesmo e, cansado 
do silêncio  da espera indefinida, 
olho a sombra que vai, tal qual a minha vida, 
negra e longa arrastada á margem dos caminhos,
sem saber de onde vem, - por sobre abrolhos, 
sem saber aonde vai, - por sobre espinhos... 
E a sombra esboça um gesto amargurado 
de quem  esmaga lágrima nos olhos...

Oh! os que vão a rir hão de saber quem são 
mas, ai! eu que soluço arrastando-me a esmo, 
sei apenas que sou um estranho a mim mesmo.



OCASO

Hora de tédio e de meditação!

Longe agoniza o sol num poente de ouro e de aço, 
e em meu peito outro sol de luz magoada e fria, 
pinta o pálido azul com as cores da agonia.

Andam asas no espaço. 
Asas cor de carvão.
 

Na torre lanceolada de minh'alma 
há vagos sons de violino 
chorando o ritornelo gris da mágoa.
Expira a tarde, plange o sino,
é morta a luz, morta a ilusão...
 




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