Octavio Malta

Comentário sobre Álvaro Pacheco
 
 
            Palavrão no momento exato é, por exemplo, aquele que encontramos numa das primeiras páginas de “Cem Anos de Solidão”.  Palavrão no momento exato são os que surpreendemos, como rosas vermelhas, na poesia de Álvaro Pacheco.  Como se ajusta aquele palavrão em “Os Seres Humanos”: palavrão que nada mais é todavia do que uma exclamação!  E imagino que o austero representante da Arena que irá dar o parecer certamente ao  projeto do Executivo seja igual a  “o homem pacato, funcionário público, consciente e equilibrado na hora do parecer”, do poema Homo Sapiens”, de Álvaro Pacheco, em “A Força Humana”, saído e ainda com a tinta fresca do prelo.  Se demorasse a sair, não escaparia talvez à censura; a censura destruiria até a capa, que representa uns maravilhosos afrescos romanos e etruscos Pan e Ninfa e graffiti erotiche (existentes no Museu de Nápoles).
 
                                                                                                                      in “ÚLTIMA HORA", 19/4/70

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 Página editada  por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  15  de  Julho  de  1998