Oswaldino Marques

Soneto Branco
 
                                                                                   
Esse rugir do mar não te transporta
Para antes dos anjos, dos mitos ofuscados?
Não te remete a paragens anteriores
Nos rios de cinza, às chuvas de granizo?

Esse longo rolar de vozes graves
Não te despoja d’ódio convulsivo?
Não te faz esquecer o desenlace
Das fontes, da brancura das origens?

Pois a mim me faz recuar a auroras
De êxtases, cantigas e presságios
Com violinos comovendo feras,

E cruzeiros de aves, as redes se abrindo
No alto, ameaçando peixes e estrelas,
— Oh, penedos! Oh, ventos! Oh, nostalgia!

                                                       
                                                      

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Página  atualizada  por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  12  de  Agosto  de  1998