Esse rugir do mar não te transporta
Para antes dos anjos, dos mitos ofuscados?
Não te remete a paragens anteriores
Nos rios de cinza, às chuvas de granizo?
Esse longo rolar de vozes graves
Não te despoja d’ódio convulsivo?
Não te faz esquecer o desenlace
Das fontes, da brancura das origens?
Pois a mim me faz recuar a auroras
De êxtases, cantigas e presságios
Com violinos comovendo feras,
E cruzeiros de aves, as redes se abrindo
No alto, ameaçando peixes e estrelas,
— Oh, penedos! Oh, ventos! Oh, nostalgia! |