Orlando Neves


1965

Se eu vier de longe e vos pedir, meus mortos, a vosssa língua cerrada, o vosso pó em hóstia recebam-me como se eu fosse Inverno ou um cão húmido — que trago comigo embalada nos braços esta pátria de estar só. * Já nada invento. Povo na língua alguns sabores em que acreditei. Na metade da garganta esta palavra saudei. Vieram búzios e cravos da distante solidão em que viajava a dor que hoje espanta. Se dormia, a quem alugava o sono? Vermelha, a pausa canta. Enesta simetria, esqueço a abelha mestra (que a escrava sofre seu dono para viva lutar). De resistir ela foi feita