José Rodrigues de Paiva

Jardins Suspensos

Caíram sobre o mar os meus jardins suspensos, e extinguiu-se a canção que era a voz do silêncio. A canção de ouro e névoa, fumos brancos de incenso, invisíveis pilares desses jardins suspensos. Mas no mar a canção sobre as ondas vogou e às vozes do mar suas vozes juntou. Do silêncio das águas construiu-se a linguagem que elabora o poema em líquidas imagens. E das algas, das ondas, das pedras, dos corais, floresceram canções que não se ouviram mais. Canções de ouro e de névoa, de águas passageiras, como flores levadas por correntes ligeiras. Flores dos meus jardins suspensos da canção, que brotam do silêncio, do mar, da solidão. Emergiram das águas os meus jardins suspensos, renasceu a canção das vozes do silêncio. Música de ouro e névoa, fumos brancos de incenso, flores que são pilares desses jardins suspensos.


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