Papiniano Carlos


Cântico

Belo é ver florir os galhos das velhas árvores. E ver chegar as aves que voltam do Sul. Belo é o sangue rubro dum lanho fresco, e o riso que nasce das nossas palavras. Belo é o vir da manhã sobre os telhados nus das cidades brancas. E mais belo ainda que este sol visível enflorando, amor, teus longos cabelos de guizos dourados: mais belos que os ventos cavalgando as nuvens e dizendo-nos: vinde!, e que o meu gênio abrindo suas asas nos céus: Mais belo que o fluir silente desta célula fluindo nos cosmos: Mais belo, amor, que a tua própria beleza é este sol inviolável, rútilo, no fundo de nós.


* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *