Pedro Cabral


A Sapiência de Suassuna

Ah! se Suassuna soubesse que por detrás desse vidro há um rastro, há um risco e há uma prece. Ah! se Suassuna soubesse... Desse modo não se sentiria descoberto como as sombras de um santo nem as cores de uma veste Antes, se sentiria coberto com o sangue que protege os obstáculos que trefuzam os encantos do nordeste. Nobreza que enobrece os pobres e suas preces, os Nóbregas e seus saltos de bandeira espanhola, e os árabes escondidos nas muralhas, camisas, lenços e bandeirolas encarnadas do por-do-sol e azuis cintilantes das horas matinais. Se Suassuna soubesse.Como sabe que seria uma manhã no nordeste se o nordeste fosse um dia, qualquer lugar no oriente que já não existe. Nada é triste nem se compadece nessas pairagens de sol incandescente que sussurram suassunas com gritos independentes dos risos do Nordeste. Se Suassuna soubesse do exército calado que ouve suas preces angustiado pela voz que geme como se estivesse sozinha, certamente Suassuna sussurando, suaria e sorriria. Não por sua fraqueza de coleção, de força ou de ironia Mas pelo gesto da palavra que ecoa quilômetros guardada,calada, mas sentida no âmago, nos olhos e até na vizinha. As preces emudecidas também falam ! Disso Suassuana não saberia ? Quem disse que Suassuna saberia ou não saberia? Perguntem aos bêbados, aos sacristãos e às empregadas da freguesia. Suassuna sabe, sempre soube. Por quê não saberia ?


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