Pedro Cabral
Carta de Amor de um Revolucionário
Das trincheiras que acolhem Che, te mando um abraço.
Por aqui o suor bate soleiras e bandeiras tremulam no ar.
Corre sangue, cospem aços, fuzis que atropelam corpos
atiçando o ar, infectando o espaço com manchas enormes.
Te mando um abraço da Sierra que me esconde sutilmente
De uma mata sedenta, armada de sombras, flores e sorrisos.
Ah! estas matas úmidas providas de sabor, brilhos e céus
que gritam nos pássaros e explodem os olhos dos mais íntimos.
Te deixo informada da riqueza dos outros tirada de muitos.
De uma explorada fase capaz de matar o próprio amor.
Sanguessugas, parasitas e ideólogos infelizes que defendem a crise.
Por tantos! Por muitos !
Lutamos com vigor
e buscamos reprise.
Te deixo agora, amada, de longe pensando no teu perfume
Te deixo molhada de beijos e balas que carregam uma saudade longíqua.
Penso em ti, aqui entricheirado nos vales sem ver inimigos, cá com meus companheiros.
Para um dia voltar igual e tu igual e todos.
Beijos.
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