Paulo F. Cunha


Insônia

Tanta insônia, tanta , o relógio passando eu ficando que eu nem sabia para que servia minha insônia. Mas agora sei! Para que encontre a multidão que vive dentro de mim. Noites silentes, tardias, cansadas, que batiam à porta do meu corpo. E eu, ignaro a detestá-las tanto quanto, agora, passo a amá-las Não mais o “nhec-nhec” das opiniões pre-fabricadas pobres, secas, estioladas, de quem não entende nada da vida, das coisas, da gente. Pensar que sabe : eis a primeira e a ultima ilusão do beócio que repete o que lhe disseram, sofre o que lhe fizeram, e nunca chega a entender que a pensar não pode pretender, pois pensar é coisa de gente gente que vê, lá na frente . Pois mente demais o que pensa que o que pensa é verdadeiro. Mas só agora eu soube que a insônia é meu dom Não fosse ela eu jamais saberia e que aquilo que tanto combatia, era, na verdade , o que eu queria.


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