Página inicial do Jornal de Poesia

 

Pedro Garcia

pedrogarcia@uol.com.br 


 

Poesia:


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Pedro Garcia  

Jonas revisitado

 

7 dias de amor

vivi

7 dias

entre peixes

e 7 dias

adormeci

no ventre

da baleia

 

sou Jonas

voltei ao útero

onde permanecer

devia

onde lugar

seria

da visitação

perene

 

escuto rumores no mar

e navego envolto no ovo

ainda

 

 

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Cláudio Willer

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Pedro Garcia  

Ilha

ilha é um pedaço

de terra cercado de águas aladas

 

e à circunstância do cerco

devemos a permanência dos deuses

 

 

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Pedro Garcia  

Duas águas: 

a) sagrada; b) profana

 

 

a)

presença (água na morada de deus) & afeto (água namorada de deus)

 

b)

água dançarina

dançágua dançarina água

dançarinágua vestida

de azul cloro consumida: piscina

 

solta nos pés do surfista

sustenta a dança mais bela

enquanto na torneira contida

pinga

de instante a instante

o tom passante: nós

 

dançarina formosa

nua e tortuosa

te bebemos e te vertemos

no sonho de passar contigo

o sonho desmedido

 

 

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Pedro Garcia  

O interior da mulher amada

 

 

Estás de corpo inteiro:

as temporais, as faciais e as   belas carótidas

 

Logo a seguir, como num desfile infindável de beldades, a jugular conduzida pelo  tronco venoso

 

Longo silencio, um intervalo, um riso distante:  cheia de bobinas coloridas a  aorta abdominal

 

Tudo funciona enquanto falas enquanto Callas canta

E eu te fito com este olhar detido meticuloso

Medroso de nada perder

 

Estás esplêndida nesta foto

Com as cubitais radiais a todo vapor

 

Ilíacas primitivas como no recôndito poema homérico me recordas

Com as safenas intactas como na primeira vez em que tudo se escondia  nas abertas cavernas ovarianas

 

Como na basílica mais do que nua te revelas

e não me canso fascinado de contemplar esta máquina se movendo se movimentando  enquanto falas e caminhas de um lado para outro felina de patas amarradas ao teu próprio passo

 

Neste momento nada te afeta

Nenhuma mancha

És plena: solar e lunar contemplativa e vasta

 

Sei que as geleiras hão de derreter teu corpo

E desvelar a corrosão que pouco a pouco tomará conta de tudo

Mas não importa

Importa este radiografado momento enamorado

 

 

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Pedro Garcia  

Leitor, objeto de caça

 

 

as sibas se enterram na areia durante o dia –

à  noite

caçam em águas rasas

 

veja uma delas

da espécie Sepia

se aproximando

através de ondulações suaves –

é  noite

 

   

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Cláudio Willer

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