Pedro Ayres de Magalhães 

A Sombra (à memória de António Variações)
 
Anda pela noite só
um capote errante, ai, ai
e uma sombra negra cai, em redor
do homem do cais

das ruas antigas vem
um cantar distante, ai, ai
e ninguém das casas sai, por temor
de uns passos no cais

Se eu cair ao mar, quem me salvará
lalalala...
que eu não tenho amigos, quem é que será,
lalalala...
ai ó solidao, que não andas só,
lalalala...
anda lá à vontade, mas de mim tem dó...

cantar, sempre cantou
jamais esteve ausente, ai ai
e uma vela branca vai, por amor
largar pela noite
 

 
 Remetente : Inês Escobar de Lima