Paula Nei


Trança

Esta santa relíquia imaculada Do teu saudoso amor, esta lembrança Da vida, que fugiu arrebatada, Ligeira, como um sonho de criança. Nas noites do meu sono de bonança Eu guardo, junto a mim, ah! noiva amada, Enquanto minha vista não se cansa De vê-la, de adorá-la, extasiada... Com o fio desta trança tão escura, Tão negra, sim, que até minha amargura Invejara-lhe a cor, e tão macia, Qual pétala de rosa, eu teço, à noite, Da viração sentindo o brando açoite, O epitáfio de minha campa fria.


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