Pedro Paulo de Sena Madureira


Assim esqueço

Assim esqueço e me renego. Assim me abro me aperto e renasço ou desespero. Assim me ergo no cume deste lume que não enxergo. Assim me entrego me prendo reaprendo o que sonego. Assim me transpasso e integro o aço que me caça com a brasa de sua acha. Assim a hora e sua mora assim do tempo os juros que pago e não reclamo. Assim — que não se apaga — este fogo, cresce e lastra o laivo túrgido de um astro que me castra e no chão fúlgido de minha queda (urtiga que medra e me exaspera) de era em era de pedra em pedra caído em meu mistério assim de raiva e sonho recomeço.


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