Paulo Tarso Barros
Paulo Tarso Barros
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A poesia de língua portuguesa na Internet

In Agência de Notícias do Amapá, Macapá-AP, 27 de fevereiro de 1997
De maneira vertiginosa a informática está tomando conta de todos os segmentos da sociedade. O PC saiu dos escritórios e invadiu os lares, deixando de ser um aparelho inacessível para se constituir num equipamento utilitário e, hoje, sonho de consumo do cidadão civilizado. Os debates sobre o papel deste revolucionário instrumento, creio que ainda vão persistir por um longo período. Aqui mesmo nesta cidade há escolas que proclamam os milagres dos seus cursos, apregoando que quem não souber manipular a máquina é uma pessoa sem futuro. Particularmente não creio nisso. Penso que daqui a algum tempo usar esse aparelho vai ser tão fácil como ligar umaTV. Por enquanto ainda paira toda uma aura de mistério sobre as complexas operações necessárias para se colocar um PC funcionando. Antônio Callado, que faleceu recentemente, jamais abandonou sua velha máquina manual. O secular Barbosa Lima Sobrinho também não. E ambos jamais deixaram de produzir boas páginas. Mas a grande maioria dos escritores já optou por usar o computador para redigir seus textos. Quem migrou das hoje quase obsoletas maquininhas portáteis dificilmente vai sentir saudades. O computador é insuperável para quem deseja escrever e trabalhar o texto, revisar, incluir e eliminar palavras, frases.
Esse pequeno artigo é dirigido a poetas e aos amantes da poesia. Já existe um site exclusivo para poetas de língua portuguesa na Internet. É um projeto que merece todo o louvor e apoio dos militantes e produtores culturais. Executado pelo cearense Soares Feitosa, atualmente radicado em Salvador, o "Jornal da Poesia" há muito superou a marca dos mil poetas. Nesse jornal podemos encontrar bardos de Moçambique, Angola, Guiné-Bissau, Timor Leste, Portugal e de praticamente todos os estados brasileiros - incluindo-se o Amapá. É uma boa oportunidade de divulgar a produção literária de escritores que nem sempre conseguem publicar seus poemas. O mais importante de tudo isso é que ninguém paga nem um centavo para participar, ao contrário do que acontece com muitas antologias que algumas editoras publicam em sistema de cooperativas. Vale a pena conhecer esse site e ler poemas tanto de um anônimo poeta dos confins da África como a obra de Augusto dos Anjos, Castro Alves, Fernando Pessoa, Camões, Paes Loureiro, Eliude Viana, Leão Zagury e mais de mil outros. Para quem acreditava que o fim da poesia estava decretado com as novas multimídias, o "Jornal da Poesia" desse cearense (um fiscal da Receita Federal que atualmente mora na Bahia) é uma mostra de fôlego dessa arte que sempre consegue sobreviver e encantar, graças a pessoas abnegadas, idealistas e com uma dose espantosa de coragem.

Os cybernautas que desejam navegar por mares às vezes nunca dantes navegados, de metáforas, aliterações, sonetos, odes, baladas etc podem agora ter boas surpresas nas telas do computador. Muito melhor do que aqueles bate-papos intermináveis entre ocos navegantes piratas que gastam energia com palavreados nem sempre recomendáveis como alimento para o espírito.