Paulo Tarso Barros
Paulo Tarso Barros
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Rua 29 de Julho, 1551
Cj. Laurindo Banha
68904 600 - Macapá - AP
A poesia de língua portuguesa na Internet
In Agência de Notícias do Amapá, Macapá-AP,
27 de fevereiro de 1997
De maneira vertiginosa a informática está tomando conta de
todos os segmentos da sociedade. O PC saiu dos escritórios e invadiu
os lares, deixando de ser um aparelho inacessível para se constituir
num equipamento utilitário e, hoje, sonho de consumo do cidadão
civilizado. Os debates sobre o papel deste revolucionário instrumento,
creio que ainda vão persistir por um longo período. Aqui
mesmo nesta cidade há escolas que proclamam os milagres dos seus
cursos, apregoando que quem não souber manipular a máquina
é uma pessoa sem futuro. Particularmente não creio nisso.
Penso que daqui a algum tempo usar esse aparelho vai ser tão fácil
como ligar umaTV. Por enquanto ainda paira toda uma aura de mistério
sobre as complexas operações necessárias para se colocar
um PC funcionando. Antônio Callado, que faleceu recentemente, jamais
abandonou sua velha máquina manual. O secular Barbosa Lima Sobrinho
também não. E ambos jamais deixaram de produzir boas páginas.
Mas a grande maioria dos escritores já optou por usar o computador
para redigir seus textos. Quem migrou das hoje quase obsoletas maquininhas
portáteis dificilmente vai sentir saudades. O computador é
insuperável para quem deseja escrever e trabalhar o texto, revisar,
incluir e eliminar palavras, frases.
Esse pequeno artigo é dirigido a poetas e aos amantes da poesia.
Já existe um site exclusivo para poetas de língua portuguesa
na Internet. É um projeto que merece todo o louvor e apoio dos militantes
e produtores culturais. Executado pelo cearense Soares Feitosa, atualmente
radicado em Salvador, o "Jornal da Poesia" há muito superou a marca
dos mil poetas. Nesse jornal podemos encontrar bardos de Moçambique,
Angola, Guiné-Bissau, Timor Leste, Portugal e de praticamente todos
os estados brasileiros - incluindo-se o Amapá. É uma boa
oportunidade de divulgar a produção literária de escritores
que nem sempre conseguem publicar seus poemas. O mais importante de tudo
isso é que ninguém paga nem um centavo para participar, ao
contrário do que acontece com muitas antologias que algumas editoras
publicam em sistema de cooperativas. Vale a pena conhecer esse site e ler
poemas tanto de um anônimo poeta dos confins da África como
a obra de Augusto dos Anjos, Castro Alves, Fernando Pessoa, Camões,
Paes Loureiro, Eliude Viana, Leão Zagury e mais de mil outros. Para
quem acreditava que o fim da poesia estava decretado com as novas multimídias,
o "Jornal da Poesia" desse cearense (um fiscal da Receita Federal que atualmente
mora na Bahia) é uma mostra de fôlego dessa arte que sempre
consegue sobreviver e encantar, graças a pessoas abnegadas, idealistas
e com uma dose espantosa de coragem.
Os cybernautas que desejam navegar por mares às vezes nunca
dantes navegados, de metáforas, aliterações, sonetos,
odes, baladas etc podem agora ter boas surpresas nas telas do computador.
Muito melhor do que aqueles bate-papos intermináveis entre ocos
navegantes piratas que gastam energia com palavreados nem sempre recomendáveis
como alimento para o espírito. |