Palmyra  Wanderley

Bem-te-vi
                  
 
Todas as tardes, sempre à mesma hora,
vem visitar-me um passarinho amigo...
canta cantigas que eu cantava outrora,
canta coisas que eu sinto, mas não digo.

De onde ele vem, não sei; nem onde mora;
se lembranças me traz, guarda-as consigo.
Sinto, no entanto, quando vai-se embora,
que a minha alma não quer ficar comigo.

Hoje tardou... Há chuva nos caminhos,
mas chuva não faz mal aos passarinhos
e ele há de vir, a tarde festejando...

Lá vem ele, ligeiro como um sonho...
canta cousas tão minhas, que eu suponho
ser o meu coração que vem cantando.

 
                                                                          
Remetente: Walter Cid

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 Página editada  por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  31  de Março de 1998