Palmyra  Wanderley

Retrato de Mãe
                  
 
Como eu te quero, minha mãe velhinha!
Mesmo doente, frágil, dolorida,
és a esperança que acalento ainda,
és a alegria que pedi na vida.

Foste tão bela! A mais bonita foste!
como eu te acho muito mais, agora,
que te mostras na dor tão parecida
com o rosto meigo de Nossa Senhora!

No ninho triste dos cabelos brancos,
lembras um pássaro que não canta mais!
Rezas somente, em frente ao santuário,
as tuas penas, teus padecimentos,
nas contas, muito azuis, do teu rosário.

Sumiu-se a tua voz. E eu fico ouvindo
o acalento de outrora, em meu destino!
E te escuto, mãezinha, ternamente,
cantando coisas de deitar menino...

Que nunca a luz e a cor dos olhos claros
se apaguem para mim na noite escura!
que a tua benção não me falte nunca,
na tristeza, na dor, ou na ventura!

Que ela me acompanhe, por toda a vida,
com a sua proteção, com o seu amor;
Que me siga, nos passos vacilantes,
por onde o meu destino, também, for!

 
                                                                          
Remetente: Walter Cid

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 Página editada  por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  31  de Março de 1998