Antero de Quental

Noturno

Espírito que passas, quando o vento Adormece no mar e surge a Lua, Filho esquivo da noite que flutua, Tu só entendes bem o meu tormento... Como um canto longínquo - triste e lento- Que voga e sutilmente se insinua, Sobre o meu coração que tumultua, Tu vestes pouco a pouco o esquecimento... A ti confio o sonho em que me leva Um instinto de luz, rompendo a treva, Buscando. entre visões, o eterno Bem. E tu entendes o meu mal sem nome, A febre de Ideal, que me consome, Tu só, Gênio da Noite, e mais ninguém!


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