O sangue que corre em minhas veias
é o sangue dos bravos dos canaviais,
das senzalas, dos engenhos,
dos coqueirais.
É o sangue de uma raça escrava,
de pele escura, de orelhas furadas,
peles marcadas.
Marcadas pelos chicotes,
pelos açoites,
pelas agonias da noite.
É o sangue daqueles
que também colonizaram este país.
Mas a Áurea surgiu
libertando minha raça,
da desgraça, da dor, da aflição,
mas ainda hoje perdura
a discriminação.
Óh Terra, onde o sangue do meu povo caiu...!
Por ventura,
O Deus que fez a pele branca
não fez também a escura?
Estamos livres dos açoites
que rasgavam o peito,
mas não estamos livres
do preconceito.
Esquecestes que fomos nós
que plantamos teu milho, teu algodão?
Acalentamos teus filhos
e colhemos teu feijão?
Deverias tirar teu chapéu,
pois fomos nós, OS BRAVOS,
os escravos
que cultivamos tuas fazendas
e contribuímos para a miscigenação.
Portanto,
p´ra quê tanta discriminação? |