Rosani Abou Adal


Templo de Zeus

A solidão invade a noite do sábado, o silêncio toma conta das ruas. Não escuto cachorros latindo, apenas o escapamento solto da motocicleta voando sobre o asfalto como um relâmpago. Aguardo uma eternidade teu chamado mudo, o telefax e secretária eletrônica se calaram. Tento me comunicar contigo por telepatia, não entendes meus códigos. Viajo pelo túnel do tempo rumo à terra de Homero para ouvir tua voz e codificar meus sinais. Percorro o Bosque Sagrado do Olimpo, Parthenon, Palácio Cnosso, Pórtico de Cariátides, Acrópole de Lindos, Templo de Apolo, Templo de Posêidon, o Templo de Zeus, e assumo formas de touro, cisne, anfitrião, chuva de ouro para me aproximar de ti como fizera Zeus com Europa, Leda, Danae e Alcmene. Zeus mais feliz que eu com as mortais, de suas aproximações surgiram Perseu, Pólux e Helena. A máquina do tempo me traz de volta ao silêncio do fim de semana. Nada valeu me transformar em cisne, touro branco, chuva de ouro e anfitrião. O aparelho de Graham Bell se calou no tempo.


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