R. B. Sotero

Além do mal

Não levo em conta o mal que me fizeste, Que o ódio é um sentimento tão mesquinho; Como a vingança, um vegetal daninho Que viça na aridez de um peito agreste. Por isso, cada mágoa que me deste, Uma a uma, fui largando no caminho, Como a flor que se livra do espinho Que rebenta do tronco mais silvestre. A despeito do mal que me causaste, Já não guardo rancor de minha parte E em troca dos espinhos te dou flores E te perdôo os males cometidos, Que o perdão reconforta os oprimidos E mata de remorso os opressores.


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