R. B. Sotero

Tapera

Tornei à casa onde morei um dia E, no espanto mortal de quem se corta, Eu observava aquela casa torta, Sem um traço que fosse da alegria. U'a ventura, meu Deus, não existia. Só os fantasmas no vão de cada porta, Em cada canto uma lembrança morta. Naquela casa nada mais havia! Cada buraco aberto na parede Pelo tempo feroz, cruel, adrede, Semelhava-se a um meu antepassado. Todos eles me olhavam gravemente, Pois sabiam que o tempo, indiferente, Esculpia também o meu passado.


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