Rita Cruz
...o velho novo-velho
De tempos em tempos encontro-me com o
novo que se esconde dentro de mim.
É um encontro breve, casual.
Meus sonhos acenam para essa vida cansada e eu retomo o caminho.
Um passo. Outro passo.
É só um gole de gim. É só uma velha calça jeans.
Levanto-me da poltrona empoeirada com o mesmo vigor dos meus heróis
preferidos e saio dessa casa opressora onde se deitam todas as Ritas
que eu conheço e que ainda hei de conhecer.
Saio. Mesmo que seja para dar a volta e entrar pelas portas do fundo
em busca dos velhos fantasmas abandonados há um milésimo de segundo.
Saio mesmo assim.
Há sonhos no varal. Alguém precisa vesti-los...
Fora e dentro de mim ficam ressoando as notas de um compositor que
toca a minha vida.
Grave pra encontrar o amor. Agudo pra tocar na dor.
Músicas que ainda não tocam nas rádios. Não tocam nas vitrolas das
avós maravilhosas e nem nos discmans solitários ou nos i-pods
megalomaníacos.
São notas que tocam e me tocam. Algum tilintar que me faz lembrar
das coisas que eu ainda não vivi.
É o novo, um minuto depois de se tornar velho!
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