Rosemary da Costa Ramos 

Desânimo
 
O grito dói.
São vogais amorfas
que não se desdobram em ecos.

Pesam as mãos. 
São conchas arredondadas,
dedos desajeitados,
chumbo, corpo que cai.

Insisto em ser útil.
No recorte sem areia,
na imagem riscada,
arrastada,
nos olhos que tentam ver.

Na contração da tarde,
na interrogação eterna,
tento acertar relógios
que trituram o tempo.

Tempo...
que me anoitece a fronte,
me intumesce o cérebro.

 
     

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Página editada por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  03 de dezembro de 1997