Ricardo Madeira

As Vozes da Noite

O Sol não nasce para os que amam, A Lua, negra, não os pode consolar, Uma a uma, apagam-se as estrelas, Até não ficar nada para os iluminar. Enterrados, numa sepultura sem nome, Para sempre aprisionados no seu caixão, Sentindo na língua o sabor dos vermes, Os sonhos agora pregos no seu coração. Espectros, vagueiam ainda sem destino, Para sempre movidos pela perpétua dor, Tentando libertar-se do que já perderam, Sabendo que não há vida depois do amor. "Morte..." Desejo morto, a causa do seu sinistro pranto, Direito negado aos seres do mais puro branco. "Morte..." Acariciando o silêncio, por um breve momento, Um suspiro arrancado à pálida noite pelo vento.


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