Paulo Augusto Rodrigues

Bicho

Hoje vive preso, trancado, Atrás das cidades, inofensivo. Existe apenas para lembrar-nos Que um dia aquilo fomos nós. A memória é como um zoológico Isolando do mundo todo tipo de sentimentos animais Que ainda não extinguimos. Porém, o ritmo monótono e rápido da vida Metralha, por aí, tudo que encontra Matando espécies inteiras. Resta o mêdo. Que nunca durma o zelador. Pois se assim for Não existirá nenhuma lembrança real, Viva. Restará somente, Fotos coloridas em livros desbotados Mostrando a alma deste sentimento. Desenhos a mão, esboços, Num esforço de quem não sabe desenhar, Num papel como este. É essa a esperança, Só depois de tudo acabado Poderemos reconstruir. Quando sofrer, Rebusque a memória, Numa jaula pequena, com a placa apagada, Existe um bicho, O mais indefeso. Lá estava escrito... Amor.


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