romance
o anjo do aniquilamento,
com sete espadas de prata,
vestido de García Lorca,
me espreita da colunata.
disfarça-se em beladona,
oculta afiadas esporas,
por muito que eu tergiverse
encontro-o sempre na hora.
sorri como a lua crescente,
quer revelar-me os sentidos
dos corpos fátuos das coisas,
do que serei, terei sido.
despeço-me cordialmente,
desço a ladeira sem pressa,
exposto ao fogo cruzado
da escadaria de Odessa. |