Rogério Ortega

                  
 
coy mistress, 98 (soneto 5)

convém a obliqüidade à dama esquiva:
fazer-se ouvir num sim arrevesado,
depois talvez _sorrir meio de lado_
e, enfim, num não rotundo (o cão saliva

sem sineta ou vasilha). jogo armado,
fazer o quê? jogar _por recidiva,
já que a dona da bola rola os dados
(dama pedra, o prazer de que me privas).

alinho os argumentos de Andrew Marvell:
tempus fugit, s´embora, a vida é escassa,
"tua beleza murchará mais tarde".

no dicionário dela, inexorável
nem chega a ser palavra: é larva. e azar de
quem arde a cada instante em que ela passa.

                                                    

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 Página editada  por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  31  de  Julho  de  1998