Renato Russo

Daniel na cova dos leões

Aquele gosto amargo do teu corpo Ficou na minha boca por mais tempo: De amargo e então salgado ficou doce, Assim que o teu cheiro forte e lento Fez casa nos meus braços e ainda leve E forte e cego e tenso fez saber Que ainda era muito e muito pouco Faço nosso o meu segredo mais sincero E desafio o instinto dissonante. A insegurança não me ataca quando erro E o teu momento passa a ser o meu instante. E o teu medo ter medo de ter medo Não faz da minha força confusão: Teu corpo é o meu espelho e te navego E sei que a tua correnteza não tem direção. Mas, tão certo quanto o erro de ser barco A motor e insistir em usar os remos, É o mal que a água faz, quando se afoga E o salva-vidas não está lá porque não vemos.


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