Sá Carneiro

Ápice

O raio do sol da tarde Que uma janela perdida Refletiu Num instante indiferente — Arde, Numa lembrança esvaída, À minha memória de hoje Subitamente... Seu efêmero arrepio Ziguezagueia, ondula, foge, Pela minha retentiva... — E não poder adivinhar Porque mistério se me evoca Esta idéia fugitiva, Tão débil que mal me toca!... — Ah, não sei porquê, mas certamente Aquele raio cadente Alguma coisa foi na minha sorte Que a sua projeção atravessou... Tanto segredo no destino de uma vida... É como a idéia de Norte, Preconcebida, Que sempre me acompanhou...


* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *