Sá Carneiro

Ângulo

Aonde irei neste sem-fim perdido, Neste mar oco de certezas mortas? — Fingidas, afinal, todas as portas Que no dique julguei ter construído... — Barcaças dos meus ímpetos tigrados, Que oceano vos dormiram de Segredo? Partiste-vos, transportes encantados, De embate, em alma ao roxo, a que rochedo?... Ó nau de festa, ó ruiva de aventura Onde, em Champanhe, a minha ânsia ia, Quebraste-vos também, ou porventura, Fundeaste a Oiro em portos de alquimia?... ................................................................................................... Chegaram à baia os galeões Com as sete Princesas que morreram. Regatas de luar não se correram... As bandeiras velaram-se, orações... Detive-me na ponte, debruçado. Mas a ponte era falsa — e derradeira. Segui no cais. O cais era abaulado, Cais fingido sem mar à sua beira... — Por sobre o que Eu não sou há grandes pontes Que um outro, só metade, quer passar Em miragens de falsos horizontes — Um outro que eu não posso acorrentar...


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