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Um esboço de Da Vinci

 

 

Soares Feitosa

Jornal de Poesia

 

Salomão

 

Décimo Movimento

— A Noite Alvaçã —


 
  

O céu desmoronou-se em tempestades 
de estrupício, e o Norte mandava furacões 
que destelhavam as casas, derrubavam 
as paredes e arrancavam pela raiz 
os últimos talos das plantações.

                 Gabriel (Antônio?),
                 in Cem Anos de Solidão.


 
 

Capitão Salomão,
me tingiste a pele, desgraçado;
me sujaste o sangue,
meus cabelos carrapicham!

Decifra, negro,
me decifra o enigma!

Coronel, culpa sua, Coronel,
o senhor me contratou na missão de escolha,
as escolhidas-do-Capitão®,
que o meu padrim as vendia, 
as comia primeiro.

Porque os faunos do Capitão,
os escolhidos-do-Capitão®,
negros jovens de dentes largos,
também comiam 
as filhas do Coronel.

E deste embaralho se ergue, Coronel,
um novo metro, como se ergueram
as águas no estrupício das águas!

Pois agora mande, Coronel,
chamar seus cantadores, 
violeiros e zabumbeiros; 
chame também o Santo, 
o Santo Conselheiro, 
porque o cometa Hale-Bopp está de volta...
                                                          80 séculos.
 
 

A Aurora jamais será branca, Coronel,
                                                         nem preta.

Veja nos céus, Coronel,
        boa-noite!
 

Um abraço aos de sua casa,
casa minha, Coronel,
um abraço à minha madrinha.
 
 

Porque a Aurora do Século Cem,
                                             de Ésquilo, 
                                                          é a noite alvaçã.
 

                                                                        O Menino 
                                                          outra vez!
 
 

Salvador, Bahia, Brasil, noite muito alta, 5.4.1997

 

 

Tiziano, O sagrad e o profano

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Tiziano, O sagrado e o profano

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