Silva Avarenga


O Jasmineiro
Rondó XI

Venturoso Jasmineiro, Sobranceiro ao claro Rio, Já do Estio o ardor se acende, Ah! defende este lugar. Ache Glaura na frescura Destas penhas encurvadas Moles heras abraçaras Com ternura a vegetar. Ache mil e mil Napéias, E inda mais e mais Amores, Do que mostra o campo flores, Do que areias tem o mar. Venturoso Jasmineiro, Sobranceiro ao claro Rio, Já do Estio o ardor se acende, Ah! defende este lugar. Branda Ninfa que me escutas Desse monte cavernoso, Nem o raio luminoso Nestas grutas possa entrar. Hás de ver com dor, e espanto, Como pálida a Tristeza Dos seixinhos na aspereza Faz meu pranto congelar, Venturoso Jasmineiro, Sobranceiro ao claro Rio, Já do Estio o ardor se acende, Ah! defende este lugar. Glaura bela, que resiste Aos rigores da saudade, Veja em muda soledade Sono triste bocejar. Sobre o musgo em rocha fria Adormeça ao som das águas, E sonhando injustas mágoas, Chegue um dia a suspirar. Venturoso Jasmineiro, Sobranceiro ao claro Rio, Já do Estio o ardor se acende, Ah! defende este lugar. Com seus olhos Glaura inflame Os desejos namorados, Que em abelhas transformados, Novo enxame cubra o ar. Vinde, abelhas amorosas, Sem temer o meu desgosto, Doce néctar no seu rosto Entre rosas procurar. Venturoso Jasmineiro, Sobranceiro ao claro Rio, Já do Estio o ardor se acende, Ah! defende este lugar.


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