Silva Avarenga


A Roseira
Rondó LII

Ah! roseira desgraçada, Dedicada aos meus amores, Tuas flores mal se abriram, E caíram de pesar! Quando Glaura me dizia Que era sua esta roseira, De esperança lisonjeira Me senda consolar. Mas a sorte, que invejosa Este alívio não consente, Não há mal que não invente Rigorosa em maltratar. Ah! roseira desgraçada, Dedicada aos meus amores, Tuas flores mal se abriram, E caíram de pesar! Da risonha primavera Esperei os dias belos: Glaura... oh dor! os teus cabelos Quem Pudera coroar. Já não vives oh que mágoa! E a roseira que foi tua, Eu a vejo estéril, nua, Junto d’água desmaiar. Ah! roseira desgraçada, Dedicada aos meus amores, Tuas flores mal se abriram, E caíram de pesar! Parca iníqua, atroz, funesta, Era teu o infausto agouro; Já levaste o meu tesouro, Mais não resta que roubar. Nem às flores permitiste... Oh! que bárbara impiedade! Fica só cruel saudade, Fica o triste suspirar. Ah! roseira desgraçada, Dedicada aos meus amores, Tuas flores mal se abriram, E caíram de pesar! De teus ramos a beleza Era o mimo destes prados; Move agora, ó ímpios fados! De tristeza a lamentar. Horrorosos são meus males; Tudo encontro em névoa escura; Vem comigo a desventura Estes vales assombrar. Ah! roseira desgraçada, Dedicada aos meus amores, Tuas flores mal se abriram, E caíram de pesar!


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