Soares Bulcão


Biografia
(l873-1942)

Em vez de se alinhar no já longo e repetitivo cordão dos poetas parnasianos e simbolistas, até normal em sua época, Soares Bulcão prefere o adagiário popular em seu livro de estréia, Parêmias, de 1910. Quadras, as trovas de rimas cruzadas clássicas, prefácio elogioso de Afonso Celso, em antologias e em livro deixado inédito, Herliantus, o poeta mostra que sabe também cultivar o soneto, não desconhecendo o alexandrino clássico.

Mas a sua notoriedade veio das trovas de Parêmias, que se identificavam com o gosto popular, tendo alcançado Soares Bulcão, à sua época, reconhecimento como grande poeta em vários Estados do país. Simples, interiorano, elegíaco nos poemas que dedicou à esposa morta, ele terá uma atividade pública e política bastante agitada, como a fase que passou no Acre, quando da luta pela sua independência e no próprio Ceará.

José Pedro Soares Bulcão nasceu em São João de Uruburetama (vila do Arraial) no dia 13 de maio de 1873. Entre o Acre e o Ceará faz o seu aprendizado didático e político, não existindo referências quanto aos seus estudos, mas sabe-se que era pai da atriz Florinda Bolkan. Após o livro de versos, de 1910, vieram obras sobre política partidária, História e Genealogia. Na área desta última atividade, deixou muitos estudos e notas sobre a "gens cearense".

Exercendo também o jornalismo, Soares Bulcão destacou-se como veemente polemista. Deputado estadual em duas legislaturas (l921-1924)/(1925-1928), Soares Bulcão nunca descurou, em meio à agitação da vida, as coisas literárias, tanto é que pertenceu a várias agremiações, como o Instituto do Ceará e Academia Cearense de Letras.

Sintetizando a sua face poética, assinala muito bem Raimundo Girão no seu Dicionário da Literatura Cearense (1987): "As suas produções líricas muito bem limadas, encerram o espírito de acrisolado sentimentalismo e de invencível melancolia, que a morte da esposa — sua querida Mirandinha — inspirou e quase exacerbou.

O poeta morreu em Fortaleza no dia 17 de julho de 1942.


* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *