Há que ter uma úlcera no peito
um ódio inteiro,fundo,tão medonho
há que arrancar das tripas qualquer sonho
e ao final da morte dizer “bem feito”.
Há que jogar ao lixo verso estreito
e nem se perguntar aonde é que eu ponho
a lágrima secreta, o rim tristonho
a lua, os campos, os ais, o cinza, o leito.
Arrebentando rimas e artrites
a poesia, enfim, rompe o ataúde
e urra então o bardo,estamos quites
teu palavrório nunca mais me ilude
jamais, jamais minha voz terá limites
jamais o fogo perderá a saúde!
Remetente: trajano@cwb.palm.com.br