Rodrigo Carvalho

Descrição

à meu irmão, Márcio Carvalho Góes
Tu és como o úmido gosto de terra: diferente em cada época. Mas não perdes o gosto pela terra. Tu és terra! Ao seu duro itinerário, o prazer matinal, junta-se ao suspiro da madrugada. Ainda é madrugada quando te levantas! E sai pela estrada. . . A paisagem diverge: bois, cavalos, foices, braços, flores molhadas, e os casebres caindo, na êrma da manhã. E roupas coloridas, ao longe, dançam nas cercas. Teu sangue corre como uma boiada, num grande galope, ao longo do horizonte. . . Teu nome. Teu nome, num breve erro ortográfico, sôa macio. . . Macio como o chão que pisas. Chão verde. Cheiro de mato. E tua mente modela os animais. Grandes animais, sem passado, sem futuro. Apenas com o peso que lhe importa. Mas o dia, aos poucos, se desmancha. E no teu campo, verde campo, um campo de estrelas irá brotando, pouco a pouco, até que tu voltes. . . Campo: teu continuar da vida!
Salvador, 14 de março de 1995

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