Rodrigo Carvalho

Madrugada

Sinto-me só. Sinto-me triste. Vazio. Mais triste e vazio que uma vida triste e vazia. Queria pelo menos um afago, um toque, mãos, braços, mesmo que desconhecidos, fingindo abraços. Queria ao menos uma palavra, mesmo que fosse vã, balbuciada, falsa. Resta-me a madrugada. Somente a inebriante escuridão da madrugada. Faço dela minha companhia, fuga do pobre poeta amargurado, esconderijo de camufladas inspirações.

Salvador, 07 de novembro de 1996

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