Rodrigo Carvalho
Lira
Há uma dúvida que,
há tempos me corrói. . .
O que se passa pela cabeça das pessoas que,
por pura mediocridade,
tentam, em esforços vãos,
mudar a personalidade alheia?
Hoje,
sinto muito por essa mediocridade.
Profundamente atordoado,
este ambiente, agora, causa-me repugnância.
Além de todas as pessoas que me cobram outras personalidades,
como se não me faltasse mais ninguém,
agora, vem-me um tio,
com cismas insanas,
a aborrecer-me.
Um tio!
"Senhor Universal da Razão";
"Rei do Absoluto".
Estas são suas denominações. Auto-denominações.
Que maçada. . .
Vive no obsoleto. . .
Falas de razão,
e eu?
Eu, ouço tudo, e calo.
A razão que pensa ter,
é uma mentira!
E é por isso que na minha lira,
de assuntos fúteis, poucas vezes falo.
Mas, a passagem dos tempos, por vezes assombra-me.
E aprofundado em meus pensamentos,
ponho-me a questionar-me:
A razão. E essa "razão", quando irei por fim segui-la?
NUNCA!!
Nunca, ouviram?!!
De razões cotidianas,
todos estão cheios.
Cheios de nada.
Eu, para vocês miseráveis, posso também ser nada,
mas, ao erguer-me no meu pedestal,
olho-os de cima. Silencioso. . .
E questiono-me novamente:
Quem sou? Para onde vou?
Quem sou? Sei quem sou, e isto já basta;
Para onde vou? Não sei onde estou indo,
nem onde vou chegar,
mas sei que estou no meu caminho, que por si só,
emana uma rutilância análoga à minha vida.
Vida humilde, nesta louca hierarquia.
Vivo com a minha loucura,
mas, a partilhar desta loucura, desta razão,
prefiro apodrecer sozinho,
no silêncio da minha pequenez. . .
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